segunda-feira, 17 de maio de 2010

Fernando Jordão: A favor da remoção de favelas

Ex-prefeito de Angra dos Reis
Rio - A “remoção de favelas” é como um cordeiro que volta e meia é classificado como lobo. Os adversários dizem que ele esconde o mal; que por baixo da pele alva há reacionarismo ou guerra contra o pobre. Fazem questão de dizer que o cordeiro não é cordeiro e sim um lobo usando sua pele.

Mas, encarado com seriedade, sem demagogias, e com respeito aos direitos, o cordeiro é só cordeiro. A remoção, com critérios técnicos, é solução consciente e ambientalmente certa.
Na prefeitura de Angra dos Reis enfrentei o desafio. O nosso primeiro programa habitacional distribuiu mil moradias, em pequenos conjuntos habitacionais, e evitamos muitos acidentes.
O que o prefeito Eduardo Paes quer fazer no Rio de Janeiro segue este modelo: consciente, técnico, com respeito às famílias e ao mesmo tempo respeito ao meio ambiente e à urbanidade. Não pensemos, porém, que basta o poder público querer.
Quem é da classe média tem sempre condições de bancar advogados para manter seu imóvel na irregularidade.A Prefeitura de Angra dos Reis ingressou, desde 2005, com mais de 150 ações civis públicas.
Foram abertos 965 processos visando a paralisação ou a demolição de construções irregulares. No ano passado, foram 907 autos de embargo, 314 autos de infração, 207 multas e 33 interdições. E, infelizmente, não é só o recurso da ação judicial que atrapalha: com as classes populares, o adversário é a demagogia.
Que o digam um deputado estadual e uma ex-vereadora que, em janeiro, subiram o Morro da Carioca, um dos mais afetados pelas chuvas de então, e conseguiram retardar o processo de remoção das áreas de risco.Esses políticos sobem o morro na hora de defender um suposto “direito de habitar”.
Mas é fácil defender isso sem oferecer alternativas para a população. Com palavras bonitas, passam como cordeiros. Mas são lobos. Que na hora da tragédia apenas uivam.

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